Viajantes Naturalistas Europeus, em Minas Gerais, no Período Joanino

Heloisa Azevedo da Costa
Jornalista, pesquisadora e associada efetiva do IHGMG

Trezentos anos protegida do olhar e da cobiça de países europeus, a colônia portuguesa na América, aberta ao mundo pelo príncipe regente D. João , a partir da transferência da Corte em 1808, começa a ser objeto de estudos de muitos naturalistas, interessados em mineralogia, botânica, zoologia, etnografia  entre outras áreas de conhecimento que poderiam ser citadas.

Nos seus primeiros 150 anos, a colônia ,em algumas ocasiões com a proteção comprometida, ficou mais exposta a estrangeiros. Houve invasões, de menor ou maior duração, que ajudaram a criar um imaginário sobre as terras tropicais. Mesmo com alguns ataques externos, nos 150 anos seguintes, Portugal cuidou de explorar sua colônia. Se se plantando tudo dá, como disse Caminha, exporta-se a madeira, planta-se a cana de açucar até que o ouro apareça aos borbotões. E qualquer dissidência era resolvida com mãos de ferro. Até que….                    

Até que a política expansionista de Napoleão Bonaparte chegue a Portugal e a Corte tenha que se transferir para o Brasil. E este, como colônia de Portugal, e depois  compondo o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, precisa tanto ser conhecido e fazer boa figura para o mundo quanto receber as luzes da civilização e organizar-se ao novo momento de sua história .               

No que difere da Europa essa colônia abaixo do Equador? Será sua gente? O que faz rica sua natureza? O desconhecido instigava as mentes da época ou mesmo uma sanha viageira que tomou a Europa de oeste a leste? Difícil saber mas com a diplomática abertura do Brasil às nações amigas praticada por D. João VI, e mesmo depois de seu retorno a Portugal, esses estudiosos continuaram a chegar às terras brasileiras. Às vezes vinham com apoio de seus paises, chegavam sós ou em grupo compondo expedições.  Foram inúmeros.

Retrato de D. João VI, 1817. Jean-Baptiste Debret Óleo s/ tela

0,60mx 0,42m

Acervo do Museu Nacional de Belas Artes/ IPHAN/MINC, Rio de Janeiro

Com os retratos de membros da família real, Debret constrói a iconografia da Corte portuguesa, tão necessária àquele momento de restauração das monarquias européias e  queda de Bonaparte – algoz do príncipe regente -, e a partir de então,  rei D. João VI, do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. “O trono dourado e os trajes majestáticos revelam-nos a imponência da majestade e do próprio reino, agora também americano, que acabava de instaurar-se“ [1].

D. João como regente “não correspondia ao modelo de monarca preconizado por Pombal” [2], diz Lilia Schwarcz em O Sol do Brasil. “Não tinha força de decisão”; afinal não fora educado para  reinar. Passou a ser herdeiro do trono com o falecimento do irmão, D. José. Assumiu a regência em julho de 1799 num momento beligerante da Europa. Mesmo com a expansão de Napoleão, adiou ao máximo a retirada para o Brasil. 

No Brasil, assessorado por figuras fortes de seu governo, como os ministros [3] Antonio de Araujo Azevedo e D. Fernando José de Portugal, entre outros, abriu os portos brasileiros às nações amigas, estruturou  a cidade do Rio de Janeiro para alojar a administração pública, autorizou as manufaturas, entre outras medidas que deram mais vigor à economia. Com ele também chegou a imprensa, além de ter criado vários serviços públicos e fomentado a educação e as artes, com incentivo a sociedades e academias para estudo literário, científíco e artístico. Mesmo sob o absolutismo, as instituições implantadas por D. João são as bases para a transformação do Brasil em Estado, deixando definitivamente sua condição de colônia.

Paradoxalmente é que Dom João VI, a quem a historiografia também imputa “deficiências de cultura do espírito” conforme disse  historiador João Ribeiro [4], vai ser o nome tido se não como mentor mas certamente anfitrião de boa vontade, de inúmeros estudiosos que se aventuram pelas terras brasílicas. Foi culturalmente efervescente a corte brasileira desse período e muitos deles ficaram no país por mais de década, ou permanentemente; outra parcela foi-se tão logo terminaram os trabalhos.                   

Suas produções e impressões trouxeram à luz informações fundamentais para o conhecimento da riqueza, da diversidade dos recursos naturais e da geografia brasileiras. Os relatos sobre as populações do interior da colônia, dos costumes da corte e dos centros urbanos mostram facetas deste Brasil ainda a se conhecer. Também é notória a beleza plástica de inúmeros desenhos, telas  e gravuras produzidos para registrar tanto a paisagem natural como aquela de atuação do homem.                    

Sob a texto ou sob o traço, esses viajantes – cientistas fizeram conhecer o país por um modo de ver que além do olhar do naturalista, etnógrafo ou antropólogo, e do artista  é o olhar do estrangeiro como nos alerta alguns estudos contemporâneos [5] da história brasileira. Um olhar, por vezes pitoresco ou caricato, que condicionou outros olhares e marcou identidades.  

Na sequência, registraremos alguns estudiosos que chegaram ao Brasil no período joanino como também algumas expedições de destaque, trazendo à lembrança suas produções que de certa forma sistematizam o conhecimento sobre o Brasil. Mesmo se apresentados separadamente, vale lembrar que houve interação entre os vários naturalistas.

Barão William Ludwig von Eschwege no Brasil (1810-1821)

 

William Ludwig von Eschwege  (1777-1855) 

Geólogo e metalurgista alemão (1777–1855). De família aristocrática dedicou-se à carreira militar; estudou engenharia mas teve formação cultural eclética. Antes de vir para o Brasil, onde ficou de 1810-1821, serviu à Coroa em Portugal. Lá catalogou inúmeros aspectos da mineralogia portuguesa e fez estudo sobre as conchas fossilizadas da região de Lisboa. Dirigiu também uma fábrica de artilharia e ferramentas e ferro onde eram produzidos os canhões do Exército português [6].

Em 1810, o Barão d`Eschwege chegou ao Brasil para estudar as potencialidades minerais da colônia que aquele momento era a moradia da Corte portuguesa. E logo D. João criava o Gabinete de Mineralogia cuja direção coube ao Barão. Ainda no Rio de Janeiro, ele também contribuiu para a estruturação do ensino da Matemática e da Física na Academina Militar do Rio de Janeiro, criada em 1810. Recebeu do príncipe regente a patente de tenente-coronel engenheiro e posteriormente foi nomeado “Intendente das Minas do Ouro”.

[7]

Barão d`Eschwege

pintura de Wiegandt, Bernhard – Acervo do Museu Paulista

Em Minas, Eschwege empreendeu ele mesmo a instalação de uma fábrica de ferro em Congonhas do Campo, que já produziu em dezembro de 1812. Nessa mesma região, introduziu os pilões hidráulicos na mineração de ouro na lavra do coronel Romualdo José Monteiro de Barros – lavra essa visitada por Von Spix e por von Martius m 1817 [8]. Também contribuiu na definição das bases para a fundação da primeira companhia de minério de ferro do Brasil como ainda dos estatutos das sociedades de mineração, aprovados pelo Governo em 1817. No Brasil o nome Eschwege é reverenciado no setor siderúrgico.

Com suas expedições o Barão inovou e contribuiu para os estudos geológicos e minerais, notabilizando-se, sobremaneira, pelo emprego de critérios científicos nas explorações [9]. Conhecendo o território de Minas Gerais e de São Paulo, tanto assinalou a presença de minerais – do manganês, por exemplo, foi o primeiro – como nominou acidentes geográficos como a Serra do Espinhaço que se estende da Bahia até Minas Gerais. Importante também foi sua produção cartográfica [10] das regiões por onde andou.

 Morfologia dos Terrenos da área central de Minas Gerais segundo Exchwege (1833)

O mapa da  Capitania de Minas levantado pelo Barão em 1821,  bem como os perfis topográficos de trajetos de suas viagens em Minas e Rio foram por muito tempo as mais preciosas imagens cartográficas dessas regiões. Esses produtos e os extensos relatórios de viagem “refletem muitas das facetas do mundo urbano e dos sertões das Minas sob a ótica do Barão”, lembra José Otávio Aguiar em Memórias e Histórias de Guido Thomaz Marlière. [11]  

Ao associarmos o nome de Exchwege ao de Guido Marlière, destacamos que Guido Marlière foi um militar francês, a serviço da corte portuguesa, que chegou ao Brasil com D. João. Muitos naturalistas que estiveram em Minas visitaram Marlière em sua fazenda na Mata mineira, na região da atual Guidoval, como Spix, Martius e Saint Hilaire. Guido Marlière era, a esse momento, diretor da Junta Militar da Conquista e Civilização dos ìndios e Navegação do Rio Doce, e tornou-se referência de apoio para os estudiosos Embora não tenha deixado obra escrita, é reconhecida a obra humanitária de Marlière junto às etnias Puri, Coroado e Botocudo. Igualmente considerado são os relatos de suas atividades no comando das Divisões Militares do Rio Doce – documento essencial para os estudos sobre a abertura e povoamento da extensa faixa leste de Minas Gerais, entre os vales dos rios Pomba e Jequitinhonha.      

Já a obra escrita de Eschwege é grande e boa parcela traduzida ao português. Destacam-se, a publicação seminal Pluto Brasiliensis, publicada em Berlim em 1833, que é a primeira obra científica sobre a geologia brasileira. E  Contribuições para a Orografia Brasileira, publicada em 1830, também na Alemanha.

Obras de Exchwege publicadas sobre e no Brasil

  • Jornal do Brasil, 1811 – 1817: ou relatos diversos do Brasil colectados durante expedições científicas. Tradução: Friedrich E. Renger, Tarcísia Lobo Ribeiro e Günter Augustin. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 2002. [Introdução de Friedrich E. Renger e Douglas Cole Libby.
  • Brasil, novo mundo, Vol. II. Tradução Myriam Ávila. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 2000. Introdução de Friedrich E. Renger.
  • Brasil, novo mundo, Vol. I. Tradução Domício de Figueiredo Murta. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1996. Introdução de João Antônio de Paula.
  • Pluto Brasiliensis. São Paulo: Itatiaia, 1978. (2 volumes)
  • ———————. São Paulo: Nacional, 1941. (2 volumes).
  • Contribuições para a Geognóstica do Brasil. Cap. 3 ao 10. Trad. e notas Rodolpho Jacob, Imprensa Oficial, Belo Horizonte, ed. 1932.
  • Contribuições para a Geognóstica do Brasil, tiradas das viagens dos Srs. Von Spix e von Martius reunidas e anotadas por W. L. von Eschwege . Trad. e notas Rodolpho Jacob, Imprensa Oficial, Belo Horizonte, ed. 1932.
  • Pluto brasiliensis. 2v. Trad. Domício de Figueiredo Murta. Ed. Itatiaia, Belo Horizonte, Ed. da Universidade de São Paulo, São Paulo, ed. 1979, 270 p.
  • Novo Mappa da Capitania de Minas Geraes. Levantado por Guilherme Barão D´Eschwege, Tenente Coronel do Real Corpo de Engenheiros, 1821. Escala [ca. 1: 1 000 000]. (Cópia sem data). 1 mapa ms. em 4 folhas coladas, color. à mão; 141 cm x 104 cm. – (Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar-GEAEM. Lisboa, Portugal, Lx-PT).In: http://repositoriotoponimia.com.br/mapa/7. Acesso em 10 08 2021.

Viagem do príncipe Maximiliano (1815-1817)

Maximilian Alexander Philipp zu Wied-Neuwied (1782–1867)

De 1815 a 1817, o príncipe alemão Maximilian Alexander Philipp zu Wied-Neuwied  viajou ao Brasil, como naturalista e etnólogo, para pesquisas exploratórias dos recursos naturais e das populações brasileiras. Detalhava e registrava seus deslocamentos[12] e teve contato especialmente com as populações indigenas do leste de Minas Gerais, Espírito Santo e do Sul  da Bahia. Essas viagens atendiam suas expectativas científicas e eram bancadas por ele mesmo. E em 1833-1834, também as empreendeu aos Estados Unidos, com mesmo objetivo.

Chegando ao Rio de Janeiro em julho de 1815,  foi recebido por  G. H. v. Langsdorff, consul russo no Brasil desde 1813, também um incentivador das expedições explorátórias. Este o apresentou o botânico Friedrich Sellow – que havia chegado ao Brasil em 1814 – e o ornitólogo George Wilhelm Freyreiss que passaram a compor a expedição. Maximiliam teve também a companhia do índio Botocudo Guack [13] (ou Kuêk) que foi seu  interlocutor junto a vários agrupamentos indígenas.

Com grande interesse pelas populações nativas, o príncipe Maximiliam coletou, e enviou à Europa, extenso material de pesquisa, como crânios e esqueletos de indígenas. Dessas pesquisas e das viagens brasileiras, o príncipe Maximiliam produziu a obra Viagem ao Brasil (1815-1817)  onde faz descrição minuciosa da história  natural da região por onde andou [14], dando por vezes um tratamento estereotipado  à população, evidenciado em estudos mais atuais de sua obra.

Tanto Freyreiss como Sellow que já haviam recebido seus passaportes portugueses, necessários para a atividade, foram qualificados como “naturalista pensionário” de Sua Magestade com remuneração anual de 1000 cuzados [15]. Freyreiss trabalhou muito pela colonização alemã no Brasil e fundou a colônia Leopoldina situada no sul da Bahia [16]. Freyreis faleceu em Nova Viçosa, Bahia, em 1825 e Sellow afogado no rio Doce, num local denominado Cachoeira Escura, em 1831.                

Esboços de Sellow, retratando indígenas brasileiros. Uma habilidade pouco conhecida deste naturalista e uma prova de sua sensibilidade artística. Acervo do Museu Zoológico de Berlim (apud Hackethal 1995).[17]

   Fisionomia de alguns botocudos;  Gravador Gallo Gallina  a partir de Maximilien, Prince von Wied [18].

Já o Botocudo Guack foi levado para a Europa onde sobreviveu, arremedo de si, longe de suas referências, por mais alguns anos. E ainda quando morreu, seu crânio foi doado  por Wied-Neuwied ao Instituto de Anatomia da Universidade de Bonn [19]. Em 2015, reinvidicado pela tribo Crenaque, o crânio retornou ao Brasil, e foi entregue à municipalidade em Jequitinhonha, MG, para, enfim, ter os rituais funerários [20].

 Gravura de Maximiliam Alexander von Wied Neuwied

[21]

Botocudos

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 Expedição Rurik (1815 a 1818)  

O nome refere-se ao navio em que os componentes embarcaram. Essa expedição foi organizada pelo conde Nikolai Petrovich Romanzov [22]  – chanceler do Império Russo, entre os anos de 1815 e 1818. Não foi uma expedição que tivesse como objetivo único o Brasil, mas que passando pelo sul deixou registros visuais da ilha de Santa Catarina, realizados por Louis Choris [23], pintor e explorador germano-ucraniano, falecido em 1828.

Louis Choris foi um pintor e desenhista. Filho de pais alemães, nasceu em 1795 em Yekaterinoslav, atual Ucrânia. Na França, publicou primeiramente Voyage pittoresque autour du monde – obra conjunta com outros pesquisadores. Em 1826, Vues et paysages des régions équinoxiales, sobre sua viagem ao sul do continente americano.

Vue de la cöte du Brèsil vis à vis de l’Ile de St e Catherine (Brèsil) — desenho de Louis Choris —

(20,9 cm x 26,3 cm). [24]

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Artistas Franceses[25] –  Missão ou Colônia     

Em março de 1816, logo após o falecimento da rainha D. Maria I, um grupo de artistas franceses chega ao Rio de Janeiro.Era um total de 17 profissionais e seus auxiliares, ligados ao mundo das artes e dos ofícios. Ao todo, com familiares e criados, chegaram 40 pessoas.

Primeiramente, o grupo era reconhecido como “Colônia francesa” ou “Colônia Lebreton”, devido a Joachin Lebreton, Secretário da Classe de Belas Artes do Institut de France, que arregimentou  seus componentes.

A partir do século XX, a designação “Missão Artística” passa a ser corrente na historiografia brasileira [26].

Entre os nomes mais destacados estão o próprio Lebreton que cuidou tanto da organização da viagem como do projeto de criação a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios que foi logo assumido pela Coroa. Foi ele o centro da campanha contrária à presença dessa colônia, tida como bonapartista,  levada pelo cônsul francês no Rio de Janeiro, Jean-Baptiste Maler. Lebreton faleceu em 1819 antes de ver consolidado seu projeto da Escola.             

Joachin Lebreton  (1760-1819)- Gravura de Charles-Victor Normand

Já entre os artistas, está Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830) que chegou com a mulher Marie Joséphine Rondel e cinco filhos – Charles, Adrien, Theodore, Félix e Hippolyte –  e ainda o irmão Auguste-Marie Taunay, reconhecido escultor. Nicolas Taunay era um premiado pintor de paisagens, membro do Instituto de França. ”Homem de sessenta anos, com numerosa família“ conforme se apresentara em carta a D. João, oferecendo-se como professor dos príncipes infantes, segundo a Lilia Schwartz em seu livro “O Sol do Brasil”. Nicolas Taunay , devido às dificuldades de implantação  da Escola de Artes e Ofícios  e dos desalinhos na própria Colônia, retorna à França 1820; somente a mulher e o filho Hippolyte o acompanham, os outros  continuarão sua jornada brasileira.

 Nicolas-Antoine Taunay – Auto-retrato

Nicolas-Antoine Taunay (recorte), Gravura de Miius após pintura de Louis-Leopold Boilly [1798].

 Vista do Outeiro, Praia e Igreja da Glória – Rio de Janeiro, 1816 

Cascatinha da Tijuca [27]

(A Cascatinha da Tijuca, ao lado da casa de Taunay, na mata da Tijuca, foi inspiração para vários pintores.)

Scène maritime a Rio 

Entrada da baía e da vila do Rio, a partir do terraço do convento de Santo Antônio em 1816 [28]

Compunha também a Colônia Lebreton, o pintor de História (categoria mais elevada na hierarquia das artes no modelo neoclássico) Jean-Baptiste Debret. Ele foi também professor de artes a partir de 1820 na Escola Real de Belas Artes e na sucessora Escola Imperial – AIBA. Debret era  primo do  renomado  pintor de História,  Jacques- Louis David, em cujo ateliê trabalhara em Paris. Devido a essa proximidade, Debret também foi vigiado de perto pelo Consul da França, Jean-Baptiste Maler, contrário à presença dos “artistas bonapartistas”.

Debret é também reconhecido pela profusão de obras que retratam os costumes e o cotidiano brasileiro  e de sua atuação como pintor  de vários membros da família real. Após seu retorno à França em 1831, publicou (1834-39) a obra Voyage pittoresque et historique au Brésil, que além de imagens, traz  suas impressões sobre o deslocamento desse grupo de artistas para o Brasil.   

 [29]

Jean-Baptiste Debret  (1768-1848)

Desenhos e Gravuras de Jean-Baptiste Debret, de Voyage pittoresque et historique au Brésil Costumes du Brésil par Jean-Baptiste Debret [30]

[31]

 Família guarani capturada  por caçadores de escravos – Debret

Marimba – Debret

Coroação de Pedro I – Debret

E ainda Auguste Henri Grandjean de Montigny (1776-1850), arquiteto com grande atuação na Itália. Montigny veio para o Brasil com mulher, quatro filhas e uma criada. Além da concepção e construção de todo o cenário neoclássico para a coração de D. João e depois para a recepção da princesa Leopoldina e o casamento de D. Pedro ,  junto com Debret, Nicolas Taunay e Auguste Taunay. Grandjean de Montigny engajou-se na Escola Real de Belas Artes  onde foi Lente de Arquitetura.           

O arquiteto francês Grandjean de Montigny

Oléo sobre tela, (81 x 66 cm) de Auguste Muller [32].

É dele o projeto do  prédio da  Academia Imperial de Belas Artes – AIBA ,  cujo pórtico é preservado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Também são dele os projetos do prédio da Casa França-Brasil e sua residência na Gávea, de propriedade da PUC-Rio, ainda hoje funcionais.

Portal da AIBA, terminado em 1850

Projeto de Grandjean de Montigny, relevo de Zepherin Ferrez

Hoje no Jardim Botânico do Rio de Janeiro

[33]

Projeto Albergue dos Pobres [fachada, corte e estudo de detalhes]
Grandjean de Montigny/Bico-de-pena, aguada de nanquim e tinta vermelha/ 97,00cm x 58,50cm

A qualidade dos trabalhos produzidos retratando vários aspectos da vida brasileira, como os de Debret, as paisagens de Nicolas Taunay onde as pessoas são parte de uma natureza harmônica, ou mesmo as obras que nos ficaram do arquiteto Montigny, tido como o introdutor do estilo neoclássico na arquitetura brasileira,  fizeram esse grupo de artistas franceses  reconhecido e reverenciado.       

No entanto há diferentes narrativas sobre o motivo de sua vinda para o Brasil. À ideia de que o grupo  teria chegado ao Brasil a convite de D. João contrapõe-se outra de que esses artistas, reconhecidos bonapartistas, teriam saído da França por não estarem bem  junto à Corte restaurada dos Bourbon. E que só no Rio de Janeiro ofereceram seus serviços à corte de D. João VI.     

O debate tornou-se evidente com a divulgação do estudo  A Missão Artística de 1816, de Afonso Taunay (bisneto de Nicolas Taunay), pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1912A partir de entãoo nome “Missão Artística”  prevaleceu  na historiografia. A ideia de “Missão” resvala à de encargo já que o autor vê esses artistas como “abnegados, apaixonados pela arte, valentes trabalhadores”, segundo Lilia Schwarcz [34]. Diz ela que o autor, Afonso Taunay,  repetindo a publicação anterior de Debret, também advoga que esses artistas teriam vindo para o Brasil a convite da Corte. Esses dois pontos – a nobreza do função do grupo e a origem do convite – ou o auto -convite – são temas que volta e meia  ressurgem com releituras desses acontecimentos. A polêmica sai do fato em si e centra-se na narrativa da história onde são considerados a carga semântica das palavras e a intencionalidade do narrador; Ou seja, a discussão desloca-se do campo da História para o das Letras, mais precisamente da Análise do Discurso.

Ainda há outros aspectos que suscitam debates entre os historiadores. O primeiro é referente às causas para o atraso na implantação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, trabalho do qual foi incumbida a partir de agosto de 1816, inclusive com seus membros recebendo pensões do governo; e as disputas entre esses artistas franceses e os artistas portugueses na fundamentação da Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil, criada em 1820 em substituição à primeira, e mais tarde transformada na Academina Imperial de Belas Artes – AIBA.  Seu primeiro diretor foi o pintor português Henrique José da Silva, tido como o motivo da discórdia com os franceses. Com a morte de Henrique José da Silva, em 1834, assume a direção da AIBA  o pintor Félix Émile Taunay, que vai efetivar o projeto artísticio desse grupo.

Para os historiadores de arte, é certo que a vinda dos artistas franceses no período joanino, cuja atuação se estendeu à época imperial, foi determinante para a formação, segundo o cânone neoclássico, de gerações de artistas brasileiros que passaram pela Real Academia e depois pela AIBA.           

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Expedição Exploratória

Financiada pelo governo francês, que a esse momento tinha o Reino restaurado, essa expedição trazia  cientistas arregimentados pelo Conde de Luxemburgo. Chegou ao Brasil em junho de 1816. Entre os participantes estão o desenhista e arqueólogo Charles Othon Frederick John Baptist of Clarac (1777-1747) e o botânico Auguste François de Saint-Hilaire.                       

Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853)

O primeiro trabalhou uma série de esboços na região o rio Bonito, Rio de Janeiro, dos quais foi possível depois produzir uma grande aquarela sobre as matas brasileiras. O trabalho resultante, denominado Fôret Vierge du Brésil, foi publicada em 1819 na França. Para a composição dessa aquarela também contribuiu seu  estudo de plantas tropicais da estufa do principe Maximilian Alexander Philipp zu Wied.

Fôret Vierge du Brésil

Charles Othon Frederick John Baptist of Clarac (1819) Louvre

Também os anos de Saint-Hilaire no Brasil foram profícuos. Percorreu as então províncias do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espirito Santo, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do sul. Colheu material orgânico e mineral para estudos científicos  que era seu objetivo inicial. Chegou a classificar duas famílias, muitos gêneros e mais de mil espécies novas da flora brasileira. Fez uma coleção de cerca de 6 mil espécies de plantas para o Museu de História Natural de Paris. Cuidou também de observar as populações e seus  costumes. Mas foram seus estudos da Botânica do país que fizeram de Saint-Hilaire uma referência entre os botânicos brasileiros. Como homenagem, foi erigido seu busto numa das alamedas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

[35]

Busto em bronze de Auguste de Saint Hilaire no Jardim Botânico do Rio de Janeiro

 Obra de Humberto Cozzo

Saint-Hilaire ganhou também notoriedade pela publicação e pela dimensão de seus relatos de viagem. São 17 obras em 23 volumes, sendo que onze destes sobre o Brasil. Obra essa que, principalmente  sobre a vida e os costumes brasileiros no princípio  do século XIX, é muito citada por historiadores e antropólogos. No entanto, estudos acadêmicos dos últimos anos [36] relativos a essas narrativas, mesmo reconhecendo sua primazia e a visibilidade que trouxe ao país e às ciências humanas, destacam que nesses textos perpassa o olhar do outro, do de fora, crivado por seus valores e por suas vivências.

 [37]

Luxemburgia corymbosa

Tipo coletado por Auguste de Saint- Hilaire na Serra do Caraça (Brasil) Clichê BO, MNHN.

 Folha de rosto de Publicação de 1830 de Auguste de Saint-Hilaire

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Missão Austríaca[38] 

Chegou ao Brasil em julho de 1817 acompanhando a arquiduquesa Leopoldina, da Áustria, devido a seu casamento com o príncipe  Pedro de Álcantara. Este, a partir de 1821, vai se tornar imperador do Brasil, como Pedro I.

Devido ao grande interesse de Leopoldina pelas artes e pelas ciências naturais trouxe  ela uma  comitiva de cientistas, botânicos, zoólogos e artistas europeus, formando o que veio a se chamar Missão Austríaca. Para a afluência desses estudiosos também corroborou  a divulgação dos trabalhos de Alexandre de Humboldt [39] e Aimé Bonpland, sobre a América espanhola. Nessa Missão estavam, entre outros, o pintor Thomas Ender, o médico e antropólogo Karl Philip von Martius (1794-1868) e o naturalista  Johann von Spix (1781-1826).

Karl Philipvon Martius (1794-1868)

Johann Baptist von Spix (1781-1826)

Thomas Ender (1793-1875)

Thomas Ender era patrocinado pelo príncipe Metternich. Em 1817 chega ao Brasil e fica por um período de dez meses. Apesar de tempo curto teve expressiva produção: pintou mais de 700 obras mas não chega a publicar nenhum álbum. Mas suas pinturas aparecem em publicações de naturalistas. Thomas Ender registrou em desenhos e aquarelas vários pontos da cidade do Rio de Janeiro; também fez viagens ao interior onde seu foco foram os costumes locais. Suas obras compõem o acervo da Academia de Belas Artes de Viena. Em 1818, Ender percorre inicialmente, com von Spix e von Martius, a região do Rio de Janeiro e São Paulo, registrando paisagens e cidades. Retorna ao Rio de Janeiro, adoece e teve que retornar à Àustria.

 [40]

Paisagem da Guanabara, de 1817, de Thomas Ender

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Pequena cachoeira na Floresta da Tijuca, junto à casa do Senhor Taunay, de Thomas Ender 

Já Martius e Spix, que ficaram no Brasil por três anos, percorreram além de Rio de Janeiro e São Paulo, a província de Minas Gerais. No livro Viagem ao Brasil, e em narrativa detalhada, eles descrevem  a província de Minas  – onde, nos arredores de Vila Rica, puderam visitar a Forja de Prata de seu compatrício von Eschwege que “produz , em quatro fornos suecos e dois fornos para barras, anualmente, umas mil arrobas de ferro batido, do qual grande parte é consumido no local” [42].

Eles  seguiram depois para nordeste até o Pará, chegando ao Amazonas em 1819. A partir dai, Spix subiu o Rio Negro e seus afluentes enquanto Martius rumou para o Rio Solimões e Jupará.

No retorno a Áustria, Spix e Martius publicaram Reise in Brasilien (a obra Viagem pelo Brasil) – um conjunto de publicações sobre vegetação, território e população  onde perpassa o olhar etnocentríco dos autores – e Flora brasiliensis, obra de 15 volumes publicada por Martius, após a morte de von Spix.

Finda o período joanino em 1821. E com a assunção do trono pelo príncipe D. Pedro e, marcadamente, a partir da Independência do Brasil, inúmeras outras expedições e pesquisadores isolados aqui chegaram. O Brasil continuou sendo objeto de estudo do mundo europeu tanto no Primeiro como no Segundo Império. Mas foi D. João com a receptividade a estudiosos que abriu o Brasil para o mundo da Ciência e das Artes e de certa forma sistematizou o início do conhecimento no e sobre o pais.


Notas e Referências

[1] DIAS, Elaine. A representação da realeza no Brasil: uma análise dos retratos de D. João VI e D. Pedro I, de Jean-Baptiste Debret .  e Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material – Home Page (scielo.br) https://doi.org/10.1590/S0101-47142006000100008, acessado em 14.04.2021.

[2] SCHWARCZ. Lilia Moritz.  A longa Viagem da Biblioteca dos Reis. Cia das Letras, 2002. P. 189.

[3] RIBEIRO, João. História do Brasil. Editora Itatiaia. 2001. P. 210.

[4] Idem, p. 212

[5] SOUZA, Celso Antônio Spaggiari; Freitas, Rita de Cássia Santos Da Inferioridade Latente ao protagonismo compulsório: o olhar de Saint-Hilaire sobre as mulheres das Minas Gerais no início dos oitocentos. Revista Ártemis, Vol. XIX; jan-julho 2015, pp. 90-100.

[6] http://dicionario.sensagent.com/Wilhelm_Ludwig_von_Eschwege/pt-pt/ , consulta em 10.03.2021.

[7] Wilhelm Ludwig von Eschwege – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

[8] SPIX E MARTIUS. Viagem pelo Brasil. Ed. Itatiaia. 1981. P. 245.

[9] idem

[10] SANTOS, Márcia Maria Duarte dos; SEABRA, Maria Cândida Trindade Costa de;  COSTA,Antônio Gilberto (Orgs.). Toponímia Histórica de Minas Gerais, do Setecentos ao Oitocentos Joanino – Registros em Mapas da Capitania e das Comarcas. 2017. http://repositoriotoponimia.com.br/propriedades .

[11] AGUIAR, José Otávio. Memórias e Histórias de Guido Thomaz Marlière (1808-1836). EDUFCG.2012. P.125

[12] ver  p. 498 Minas Gerais 300 anos   Editora Idea 2020,  “O naturalista alemão Príncipe Maximiliam von Wied Neuwied utilizou essa picada (primeira picada de acesso ao litoral passando pelo Mucuri, aberta em 1811) para percorrer o trecho São José de Porto Alegre – Bom Sucesso de Minas Novas.

[13]https://www.terra.com.br/noticias/cranios-de-indigenas-brasileiros-controverso-legado-colonial-alemao,9e58922cf8c7caefe22cf1a743963a5dseuummkj.html  pesquisa em 11.02.2021

[14]COSTA, Christina Rostworowski da . O príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied e sua viagem ao Brasil (1815-1817). https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-15042009-150645/pt-br.php 

[15] PACHECO, José Fernando e Whitney, Bret M. Um tributo ao naturalista Friedrich Sellow (1789-1831). www.ao.com.br/ao100_6.htm 

[16] SANTOS,  Rafael Chaves. Freyreiss e os Índios. https://www.scielo.br/pdf/rbh/v25n49/a09v2549.pdf

[17] PACHECO, José Fernando e Whitney,Bret M. Um tributo ao naturalista Friedrich Sellow. www.ao.com.br/ao100_6.htm.

[18] https://www.brasilianaiconografia.art.br/artigos/20219/botocudos-de-wied-neuwied-a-tragedia-do-vale-do-rio-doce

[19]https://www.terra.com.br/noticias/cranios-de-indigenas-brasileiros-controverso-legado-colonial-alemao,9e58922cf8c7caefe22cf1a743963a5dseuummkj.html

[20]https://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2011/05/09/interna_tecnologia,226279/depois-de-quase-200-anos-indio-botocudo-volta-para-casa.shtml

[21] gravura de maximilian alexander von wied neuwied – Bing images

[22] EXPEDIÇÕES Artistícas e Científicas do Século XIX. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. 

Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3783/expedicoes-artisticas-e-cientificas-do-seculo-xix>. Acesso em: 10 de Mar. 2021. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

[23]ROSSATO, Luciana. Imagens de Santa Catarina: arte e ciência na obra do artista viajante Louis Choris1 UFRGS/Capes    https://www.scielo.br/pdf

[24] Vues et paysages des régions équinoxiales / recueillis dans un voyage autour du monde, par Louis Choris, avec une introduction et un texte explicatif | Gallica (bnf.fr)  

[25] https://bndigital.bn.gov.br/dossies/dossie-antigo/matrizes-nacionais/figuras-de-viajantes/a-missao-artistica-francesa-de-1816/

[26] SQUEFF, Letícia. Revendo a Missão Francesa: “A Missão Artística de 1816”, de Afonso d`Escrangnole Taunay.  I ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ARTE – IFCH/ UNICAMP. 2005

[27] Wikipédia, a Enciclopédia livre

[28] Enciclopedia.itaucultural.org.br

[29] https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b6/Rodolfo_Amoedo_-_Retrato_do_pintor_Jean-Baptiste_Debret.jpg

[30] Enciclopedia.itaucultural.org.br

[31] idem

[32] Fonte: gallica.bnf.fr / Bibliothèque nationale de France, acessado em 09.04.2021.

[33] Grandjean de Montigny | Enciclopédia Itaú Cultural (itaucultural.org.br)

[34]SCHWARCZ, Lilia Moritz . O Sol do Brasil. 2008. p. 179

[35] Publications scientifiques du Muséum (openedition.org)  https://books.openedition.org, acesso em 13.04.2021

[36]SOUZA, Celso Antônio Spaggiari; Freitas, Rita de Cássia Santos Da Inferioridade Latente ao protagonismo compulsório: o olhar de Saint-Hilaire sobre as mulheres das Minas Gerais no início dos oitocentos. Revista Ártemis, Vol. XIX; jan-julho 2015, pp. 90-100.

[37]  idem

[38] http://www.educacional.com.br/reportagens/missoes/austriaca.asp

[39] http://www.educacional.com.br/reportagens/missoes/austriaca.asp 

[40] Thomas Ender – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

[41] KLEINER Wasserfall von Tijuca bey Hrn. Taunay´s Hause [Pequena cachoeira na Floresta da Tijuca, junto à casa do Senhor Taunay]. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra60943/kleiner-wasserfall-von-tijuca-bey-hrn-taunays-hause-pequena-cachoeira-na-floresta-da-tijuca-junto-a-casa-do-senhor-taunay>. Acesso em: 13 de Abr. 2021. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7

[42] SPIX  E MARTIUS. Viagem pelo Brasil. Cap. III do Livro Terceiro.Vol. 1. Editora Itatiaia.  P. 244.


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