Diáspora Açoriana e a Herança dos Cristãos-Novos no Brasil são debatidos em encontro do IHGMG

Durante encontro do IHGMG foi discutida a contribuição dos cristãos-novos açorianos para a história do Brasil

Na reunião acontecida no dia 26/09, na sede da Academia Mineira de Medicina, o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG) recebeu o Dr. José de Andrade, Diretor Regional do Governo dos Açores. Nesse encontro, ele apresentou seu estudo, em que destaca a relação do Arquipélago dos Açores com o Brasil. O Instituto promoveu, durante a reunião, uma troca de informações sobre a diáspora açoriana e seu legado no desenvolvimento do Brasil, desde o período colonial.

O associado efetivo Dr. Marcelo Miranda Guimarães, Diretor do Museu da História da Inquisição, apresentou sua rica lavra localizada na Rua Cândido Naves, no Bairro Ouro Preto, na capital mineira. Nessa oportunidade, Dr. Marcelo destacou a relevância dos cristãos-novos açorianos para a história de Minas Gerais.

Cristãos-novos é a designação dada em Portugal para judeus que se converteram ao cristianismo, na maioria das vezes de forma forçada, a partir do final do século XV. A expressão “cristão-novo” foi utilizada para se referir a esses convertidos e aos seus descendentes, em oposição aos “cristãos-velhos”. Essa conversão forçada de judeus em Portugal ocorreu em 1497, anos antes da criação do Tribunal da Inquisição.

O Brasil foi o país que recebeu o maior número de cristãos-novos, que se tornaram um elemento fundamental na construção da identidade nacional brasileira. No estado mineiro, os cristãos-novos açorianos, que escaparam das perseguições inquisitoriais portuguesas e imigraram para o Brasil, tiveram importante presença durante o ciclo do ouro ocorrido no século XVII. Reforçando o fato de que, a cultura e as tradições açorianas constituíram importantes legados ao desenvolvimento social, histórico e econômico do Brasil desde o período colonial.

Inaugurado em agosto de 2012, o Museu da História da Inquisição visa resgatar a memória dos cristãos-novos, importantes colonizadores do Brasil que sofreram com a intolerância religiosa da Inquisição. O museu se propõe a mostrar a história da Inquisição por meio de painéis, gravuras, e obras de artistas como Francisco Goya, pintor que é considerado um dos mais influentes artistas espanhóis do século XVII, além de documentos, livros antigos e réplicas de equipamentos de tortura.

Museu da História da Inquisição. Reprodução: Internet

Sendo assim, o Museu tem como principais objetivos resgatar uma parte esquecida da nossa história, educar e promover a consciência social. Ele destaca o sofrimento de milhares de pessoas, incluindo judeus e hereges, que buscaram liberdade no Brasil e no mundo, enfrentando perseguições e torturas. O museu também serve como um recurso educativo e turístico, ajudando a promover a dignidade humana e conscientizando a população sobre a Inquisição Portuguesa e suas consequências.

Além do Brasil, judeus convertidos ao cristianismo durante a época da Inquisição também encontraram refúgio nas ilhas dos Açores, onde conseguiam, em certa medida, manter suas tradições judaicas em segredo, longe do controle inquisitorial. Eles desempenharam um papel significativo no comércio local, como de trigo e produtos têxteis, além de outros bens como ouro e prata. Ao longo dos séculos XVI e XVII, muitos cristãos-novos açorianos foram presos e enviados para Lisboa, acusados de heresia judaica, com alguns condenados à morte.

Buscando resgatar essas memórias, o IHGMG vai promover, em maio do ano que vem, um Circuito Judaico em Portugal, durante 16 dias. Esse percurso começa no dia 12 de maio, saindo de Belo Horizonte em direção à capital portuguesa, Lisboa. Serão visitados museus, monumentos históricos e cidades que ajudam a contar e entender a herança portuguesa no legado judaico. Passando por localidades como Porto, Coimbra e Trancoso, a última parada será no Arquipélago dos Açores, com 4 noites de visitas às ilhas no Atlântico.

3 Comentários

  1. Josemar Alvarenga. Cadeira. N. 15 - Alvarenga Peixoto

    Ótimo e preciso, expressivo relatório sobre o evento. A viagem do IHGMG ao Ciclo do Cristão Novo em Portugal e Açores está em fase final de ajustes. O Rabino Marcelo Guimarães é autoridade no assunto. Foi ele que desenvolveu o Ciclo do Cristao Novo e inaugurou com apoio do Turismo Português. Estivemos lá em setembro. Fantástico. Na próxima viagem, o IHGMG será recebido pelos prefeitos de algumas cidades para tratarmos de cooparticipacao e internacionalização do Instituto. Será viagem histórica. Não perca a oportunidade.,

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